domingo, 24 de junho de 2012

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Retraído no beco da alvorada
tateia, cego, o ente em sua morada.
Derrotado pelo eco passageiro
e torto pelo seu amor derradeiro.

Surge cinzas, bordéis, parques e algozes
princípios esdrúxulos, surdos e ferozes.
Bíblias monótonas e atrozes
sussurradas em milhões de vozes

A falta, a falta que faz
Lapida um monstro voraz
Posto e capaz de crer
que tudo há de vencer

Ah, derradeira, abandonastes teu lar
Viajando nessa nau em alto mar
Inda a vinda pernoite a ilusão
(porque não ser mais um triste...)
vivendo em solidão?


R.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Acordei com vontade de sorrir, abri a janela e escancarei os braços de preguiça; meu ombro estalava feito fogueira e minha boca abria mais que cancela de bar de faroeste.Mas eu estava feliz.
Sabe aquela felicidade espontânea?Aquela que contagia sem sentido e permanece misteriosa?É estranho, mas quem se importa, veio em um momento bom.
Caminhava pela casa ainda sonolento e me esgueirava em qualquer canto bruto que desse.Tomei uma ducha  lentamente e me vesti com uma tendência de velho.
Passei por vários bares de esquina e uma boutique vagabunda, assinalava preços baixos e produtos subalternos.
Pisei em algumas poças e sorri para velhinhas descansando nos bancos da praça.Assustei alguns pombos e inalei perfume de algumas flores.
Tudo era simples e alegre.
Não gosto de nada exagerado; tudo que é simples me encanta e me cativa, me compra.
Outra vez um senhor me comprou pelo relógio, perguntei as horas e ele logo saltou um relógio que parecia ser de 1953, me dizia que era a única presença sólida de um pai ausente, eram 14:17.


R.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Curto música clássica e leio bíblia online; gosto de escrever e contagio-me fácil por um sorriso lindo; ando devagar e sem pressa.Não assisto TV; não vou a cultos fajutos de ilusão de óptica; sempre que necessário costumo enaltecer meus pontos fortes.2/3 do dia é vivido em outra realidade; meu fluxo de pensamentos transborda sempre que anoitece.Meus cadernos tem mais rabiscos de poesias que assuntos copiados; não considero minha cama um dormitório, mas sim um templo para orar.Vigio a vida em outra pessoa.Nem sempre gosto de companhia; prefiro a casa vazia e com música rodeando cada canto dela.Pessoas demais me incomodam.Sou caseiro e um bom chá gelado é a melhor opção para qualquer refeição.Antes de dormir eu converso com meu Deus e peço desculpas pelos meus atos falhos.Falo com meu papagaio baboseiras , ele só gosta de mim nessa casa, deve ser porque eu ignoro-o.
O céu de minha janela é diferente das demais janelas, nela dá pra ver as nuvens sorrindo e a lua daqui brilha mais do que em qualquer lugar; à noite, passo de um retardado qualquer para um culto filósofo de meia idade, questionando os empasses da vida e sobre a sujeira acumulada no umbigo das crianças suadas.
Gosto de poucas cores e nunca como fruta; tenho mania de acumular plásticos por preguiça de jogar no lixo.Minha mente é sempre dividida por 3 opiniões de um mesmo tema, isso porque a dúvida é minha grande aliada, ela é quem alimenta-me sempre.A flexibilidade de tudo me faz perecer, posto que razão literalmente não haverá, é tudo uma linha torta, com preguiça de se esticar.
Minhas sobrancelhas são gigantes e sem desenho; penteio o cabelo com a mão e coço a garganta sempre que como acarajé.Aprecio livros de auto-ajuda e ainda mais os que trazem filosofias diferentes; sudoku é um dos jogos que mais gosto.Sempre que sento em algum local costumo balançar as pernas, não por agonia, faço isso sempre para me acomodar e ficar bem em um local, tanto que o faço toda vez antes de dormir, em meu templo.
A casa onde moro não tem cortina, é trágico, queria que tivesse para não olhar a rua; não tenho medo de morrer, tenho medo é de perder a oportunidade de completar minhas metas.
Serei um pai extremamente coruja, gosto de crianças que ainda não atingiram o grau de discernir, esse aspecto é tão contagiante e nada superior.Às vezes acho que as pessoas que acham as crianças com síndrome de Down bonitas são tão superficiais que o fazem como um modo a mais a ser aceito como aquele que tem uma fofura em nível alto.De vez em quando eu é que invejo essas crianças, tão debeis e fechadas, não sabem 1/100 do que se passa no mundo que vivem, essa ignorância é tão linda e singela, é tão inocente que me inveja.
Nem sempre curto facilidades, o que me faz caminhar e insistir nas coisas é o prazer da dificuldade que exalam, é empolgante!Gosto de teorias mirabolantes e gosto também de inventá-las, se um cara da NASA abrisse minha cabeça e transfigurasse meus pensamentos o mundo teria o dobro do peso, 5 segundos depois explodiria todo o universo e um outro vizinho.
Não sei o que é pistache e vou continuar sem saber, deve ser algo bem inútil pra se ter ocupado na cabeça, deixo para os sorvetes
E tudo que escrevi aqui não é nem 5% de meu ser e falo a verdade, há muito mais coisa, põe coisa nisso.Deixo os 95+% para as paredes de meu quarto, o computador e as pessoas que leram até aqui, devem se importar comigo ou só são curiosas.

R.

domingo, 17 de junho de 2012

Não ligo de ser rejeitado por uma cúpula de esquizofrênicos.Vocês fedem!
Então larga, pois de mim, nem os suspiros ouvirão.Nem minha pena terão.
Voltem para a tumba, dejetos de filantropos fajutos, artificiais e carcerários.
Voltem para o buraco!


R.

domingo, 10 de junho de 2012

Era madrugada e eu continuava chutando cacos de vidro espalhados na avenida.Titubeava nas pedras e cascalhos que lá existiam.Sangrei a ponta do dedo.Sorri feito um louco perdido em sua misantropia.

Escalei penhascos ao entardecer.Tossi acúmulos de treva e fogo.Pus-me no alto à planejar coisas sem perspectiva.Engoli lápides sólidas e enraizantes.Contei migalhas por infinitas pluralidades.

Vivia em sonho de major, onde a estrela do peito fixava-se firme e brilhante, cuspindo indiferença e elegância.
Driblava todas as relvas que prendiam-me ao amanhecer, posto atraso e pecado.

Entrincheirei-me em covas de homicidas solitários, esperando uma companhia menos fosca e mais banguela.
Resolvi alegrá-los contando-lhes dos meus dedos ensaguentados.

Julgavam-me louco.Um louco dentre os mortos.




R.

Pois hoje me contradigo.
Tem caminhos que vieram pra marcar, tem pessoas que vieram pra ficar e desejos que vieram pra ensinar.É como se tudo fosse planejado para que sua trilha fosse pegando o rumo.Como se cada partícula que se pôs intrínseca aos seus planos fossem, de fato, fadadas a estarem ali.
Queria eu que nada fosse embora, que ficassem e me animassem  por mair horas entediantes do meu solitário e desanimado dia.
Onde está o "para sempre" que não se faz jus?
O clichê me traiu e a dor do afastamento consuma-me lentamente.
Se forem embora, por favor, levem um sorriso meu.


R.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Faltam-me palavras.Faltam-me ícones e motivações.Falta-me ânimo e até mesmo uma colher de açúcar no café da manhã.Faltam-me abraços calorosos e um bom dia sussurrado carinhosamente.
Falta-me aconchego para os prantos e carícias para os empates da rotina.
Falta-me tapas no ombro guiando-me a um lugar vivaz.

...

domingo, 3 de junho de 2012

Te peço, cativa-me um pouco mais que prometo, por Deus, prometo te levar para um lugar melhor.
Mostrar-te-ei toda a felicidade que cabe em meu peito, toda a trapaça que faço para manusear teus cabelos, ou talvez mostrarei as máscaras que uso para encarar determinadas situações.
Te levarei ao médico quando precisar e te aquecerei em dias de chuva.Darei lições de moral quando necessário e te morderei bastante, mas com cuidado para que sobre mais pedacinhos n'outro dia.
Faria canções e cantaria com uma voz forçada de cantor de bar.Escreveria poemas de 400 versos, todos rimados e exalando desejos e emoções.
Pintaria o quarto com teu nome e usaria o perfume que mais te agrade quando nos encontrássemos.
Contaria uma piada sem graça só pra olhar com desdém e assim rir pelo meu aspecto bobo.
Gritaria felicidades toda vez que ligasse para mim.
Mas só te peço, cativa-me um pouco mais.


R.
Ando muito estranho, não paro mais nas esquinas e nem olho quando atravesso a rua.Não dou boa noite e um simples obrigado é expelido como vômito.As beatas da igreja projetavam uma imagem derrotada de fim de era.Os mendigos me olhavam como se eu fosse um deles.A lua tinha deixado de ser uma grande amiga para, agora, ser uma observadora, quieta e rancorosa.
As poças de chuva agora não só acumulavam minhas brilhantes gotas mas também todo o meu pigarro.
Tornei-me vítima.É doloroso.
Fizeram-me desacreditar em todas as ideologias e esperanças que outrora coloquei em suas cabeças.
Ando muito estranho, não paro mais em minha cama de madrugada, procuro caminhar pelas ruas desertas, no sereno e na companhia de minhas dores.
Eu cansei das pessoas...


R.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

E, desde o princípio, fui obrigado a seguir um padrão imposto por algozes da alma.
Meus dentes são imperfeitos tal como meu cabelo e meus jeans rasgados e sujos.Minha conduta é ultrapassada e toda e qualquer atitude de respeito para com o outro é, supostamente, adotada como maquiavélica e anárquica, mas nunca altruísta.Meu sonhos são irrelevantes e impossíveis, minha boca sempre pronunciará conceitos fajutos subalternos.
Mas eles, eles vão sempre estar acima, com seus ternos polidos de "Benjamin Franklins"'.Com seus conceitos épicos de moda, filosofias regradas de como ter uma vida perfeita e um fundo monetário entupido de falsas alegrias.Tudo deles são realmente dignos de exalar uma vitória cancerosa.Públicos de uma utopia que calha num fracasso psicológico.Um fita repetitiva: faça o que tem que ser feito, de acordo com a sociedade.
Eles criaram um tempo onde carros cromados com lágrimas são mais dignos de posse do que um livro à mão, escrito: desobediência civil.
A burrice é comercializada e a misantropia é um estilo de vida.
Tudo isso fede e mesmo que tenha algum anarquista no topo, o mesmo só servirá de arauto do fracasso.
Quem dera eu viver num mundo onde amor se prega em estádios; as pessoas discutem sobre odor de pum e a televisão um símbolo de como não evoluir.
É, uma coisa eles têm razão, meu sonho é impossível.


R.
É interessante quando ensina-me seu esporte da moda.Tento, feito bobo, ser o melhor aprendiz.Riria envergonhadamente dos meus tombos enquanto tu dirias carinhosamente: " é assim, no início, não se preocupa."
E mal sabe como isso me conforta.
Por me ensinar, eu gostaria de lhe ensinar algo em troca.Não sou muito bom no futebol ou com algum instrumento.Lhe ensinaria a estalar colunas; é algo bem inútil mas divertido, para mim.
Na verdade, eu lhe ensinaria não para que soubesse estalar mas para que risse de mim por esse talento inútil.É, eu queria ver seu sorriso.E consegui.
E quando tu hidrata os lábios e ejeta teu sorriso... Ah!Que sensação boa.
Envergonhadamente dou-te um abraço, um pouco apertado, no intuito que não saísse dali jamais.Enquanto você, por reação, completa-me com teus braços à minha volta.
Eu sorrio sem graça e bambeio a perna, enquanto você é acolhida imensamente por meu corpo.
Sabe, meus olhos viram a mulher mais linda da noite, mas saibas que, em meu coração -independente da noite e de outras que outrora apreciei-, torna-te eternamente linda, tão somente a mim.


R.
Entristece-me pensar que deixou-me ir, assim, ao leu, feito desprezo, poeira...
Ainda, meio torto, recordo das minuncias que apartaram nossos corações, nossos caminhos.
Os trajetos não mais compartilhados, os sorrisos não mais feitos de alegria espontânea.
Nada mais brota no campo imaculado.Sobra-me sobras inúteis, partículas que tendem a ser e não é.
Atualmente, cada passo que dou, emerge dele flores majestosas, mas tudo é uma camuflagem...essas flores são tristes, choram e calam ao ver-te seguindo brilhantosamente outro caminho.
Seria tudo tão duradouro e feliz que pairou em meus desejos.Será que tudo não passou apenas de uma fantasia notoriamente falha?
As madrugadas não serão as mesmas quando eram compartilhadas contigo.
Lembra das estrelas em forma de carinho?Hoje elas transformaram-se n'algo desfigurado, sem sentido.
Talvez porque, todo o sentido que pude achar pra felicidade eu estipulei-a em ti.
Você era minha felicidade...
E hoje, o que sobra, é somente um abismo de murmúrios, baixos e insignificantes... o que sobra é apenas um vazio esmagador, desconfortante, estonteante.
Eu preciso porque preciso, pois, senão, nada em que outrora construído e labutado perderá o sentido de existência do mesmo.
Eu preciso porque preciso, conciso e bruto, nada a menos, tudo às bordas, que sobre, mas que sobre sussurrros bons, cafunés, abraços, você...
Eu preciso porque preciso de nós dois até o fim, factuando, iminente e firme.
Eu preciso porque preciso...


Diário de um poeta vencido - R.
Sentados num punhado de grama em meio a areia, conversávamos sobre futuros promíscuos e atos falhos, soberba, vodka, calcinha comestível e borrões no céu.
Bebericávamos  chá gelado e nos contorcíamos sempre que nossa posição tornava-se desconfortável.
O céu, em uma metamorfose única, fez brotar uma lua, algumas nuvens sem nexo estrutural, estrelas vagabundas e solitárias, entre outros enfeites que só Deus explica.
Analisávamos cada ocorrência e ríamos, feito filósofos de meia idade.Apontávamos defeitos visuais em cada pessoa que passava perto da gente e fazíamos uma história para cada uma delas.
E por mais que parecesse monótono, ela mudaria só pelo fato de estar presente a mim.
Não importaria o lugar, a hora, a conversa, as pessoas à volta, portanto que ela estivesse ali, comigo, bebericando algo e conversando abobrinhas, me abraçando ou beijando, tornaria tudo perfeitamente completo.
Depois de amanhã iremos pedalar, desde já preparo minhas falas, meus trejeitos e meu coração, o resto, eu deixo por parte do destino.
É simplesmente mágico.


Diário de um poeta vencido - R.