quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Acordei com um chocolate quente, fui dar beijo no papagaio, peguei a bicicleta e fui sentir o vento, indo até a praia.
Ascenei para os motoristas e sorria para o asfalto quente, pedalava sem pressa, aproveitando cada giro da roda e cada ofegar violento que expelia.
Me sentia alegre, apaixonado, abobado.
Parei de pedalar no começo da areia e fui andando em direção ao mar.Senti calafrios e nostalgias.
Senti vários abraços apertados, senti vários momentos compartilhados.
Deitei na água, chorei, gritei e enfim, depois de uns bocados, me senti vivo.
Deus, eu estou vivo.

...

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Talvez seja isso.Perco-me em mim, sou fruto de todo o sentimentalismo que esvai dos córregos de meu jardim.Não são as pessoas que me fazem paixão, sou eu quem me faço.Eu sou cúmplice de minha própria deturpação.
E então, toda nossa concepção de belo e bondoso, apaixonante e nostálgico, maléfico e doloroso é a marca, o êxito de todos os nossos torpores, de nossas idas e vindas na mais célebre orquestra da vida.
Infelizmente isso implicará que outrém é nada mais que nada, um seco, um papel borrado.
Outrém é o encontro de minha consciência com os meus desejos.
Somos meros fantoches de nossos olhos.

R.

domingo, 18 de novembro de 2012


Aqui me encontro, afetado pela esquizofrenia da escória, vomitando a injuria que teima em entopir minha garganta.
A ignorância tornou-se luz, o sangue virou ópio, a vida tornou-se industrializada.
Eu não queria ter que me adaptar às cores da televisão e nem ao carro do ano. Eu não queria  ter que me adaptar a promiscuidade entorpecente dos rótulos da felicidade, lacradas com selo da mais alta hierarquia de canalhas que promovem o fim da originalidade do ser.
Teimo em acreditar na esperança do povo que se esfacela nas calçadas, que se suicidam pelo voto limpo e pela compaixão dos bilderbergs.
Choro ao ser noticiado que o sangue nativo, histórico e cultural é derramado pela insaciável rotação de poderes e fobias.
Encolho-me quando assisto o povo aplaudir a atriz enquanto se faz dinheiro bélico, proporcionando ainda mais o desagregamento das massas.
Parem de sorrir enquanto há motivos pra chorar, sejam verdadeiros e tenham compaixão. Abram a cabeça, mas abdiquem às informações de falsos profetas. Tenham esperança em suas causas mas não sejam tolos em vislumbrar fantasias em suas metas.
E por favor, não deem continuidade a automutilação, pois dos olhos já renuciaram.
Cegamo-nos, em ato covarde, por amor a si.
Minha alma, já em retalhos, agoniza ao último pensamento:
Afinal, quem disputa sua supremacia mental?Você?

( é um curiosidade saber o que se aloja na cabeça esmiuçada dessa porcalhada, tô puto, prontofalei)

R.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Beba-me em doses de euforia.Sacia-se de minha labuta por teu sorriso.
Finca-me em ti, terás de coragem para fê-lo?
Surpreenda-me!
A sensação bucólica e transcedente de experimentar a própria alma, abraçar o eu, viver o que há por dentro de toda a camada de pele, músculos e ossos.
Agudo no espírito cada lapso, cada fervor que fulguras de minhas entranhas, de minhas vestes a fora, emergindo para o além, onde permeia e perambula o inato, o pustulento e com toques de uma epigênese escandalosamente pecadora.
Ohh garganta, de injúrias mais, sondas na poça de sangue de suas crateras escancaradas, de suas feridas latejantes.Regurgita o clamor aos céus, implora sua deixa do que atina e finca sua perspectiva de vida.Grita, cospe, exala toda malevolência da dor, encrustada nos abismos da tendência que assola o fel querer.
Os conceitos ultrapassados esvaindo da carne, o soluço se calando e perdendo a razão, a alquimia mudando de fórmula.
Tudo promovendo o mais belo espetáculo do ser, explodindo em tripas, saciando o chão, a queda e enfim, a ascensão.
Quando mais além de toda a cena, aquietada pelo silêncio das incógnitas, o corpo padece, permitindo a entrada do novo e belo, talvez incerto, talvez duvidoso.Deve ser essa a beleza de sensibilizar sua conduta: assistir o medo permitir o que virá.

R.