domingo, 3 de junho de 2012

Te peço, cativa-me um pouco mais que prometo, por Deus, prometo te levar para um lugar melhor.
Mostrar-te-ei toda a felicidade que cabe em meu peito, toda a trapaça que faço para manusear teus cabelos, ou talvez mostrarei as máscaras que uso para encarar determinadas situações.
Te levarei ao médico quando precisar e te aquecerei em dias de chuva.Darei lições de moral quando necessário e te morderei bastante, mas com cuidado para que sobre mais pedacinhos n'outro dia.
Faria canções e cantaria com uma voz forçada de cantor de bar.Escreveria poemas de 400 versos, todos rimados e exalando desejos e emoções.
Pintaria o quarto com teu nome e usaria o perfume que mais te agrade quando nos encontrássemos.
Contaria uma piada sem graça só pra olhar com desdém e assim rir pelo meu aspecto bobo.
Gritaria felicidades toda vez que ligasse para mim.
Mas só te peço, cativa-me um pouco mais.


R.
Ando muito estranho, não paro mais nas esquinas e nem olho quando atravesso a rua.Não dou boa noite e um simples obrigado é expelido como vômito.As beatas da igreja projetavam uma imagem derrotada de fim de era.Os mendigos me olhavam como se eu fosse um deles.A lua tinha deixado de ser uma grande amiga para, agora, ser uma observadora, quieta e rancorosa.
As poças de chuva agora não só acumulavam minhas brilhantes gotas mas também todo o meu pigarro.
Tornei-me vítima.É doloroso.
Fizeram-me desacreditar em todas as ideologias e esperanças que outrora coloquei em suas cabeças.
Ando muito estranho, não paro mais em minha cama de madrugada, procuro caminhar pelas ruas desertas, no sereno e na companhia de minhas dores.
Eu cansei das pessoas...


R.