domingo, 6 de abril de 2014

Não, não há...
Não há prece que melhore esse inverno, nem o que aqueça as tripas envenenadas de álcool.
Não há mais ausência, tampouco aquele córrego monótono de reclamações.
Não há grilhões nos pés e nem asas de Icaro.
O que sobra da vida se nada mais o finda?
O caminho para o suicídio; a linha tênue de orgias...
Suicidarei a carne, essa pestilência que aniquila e apodrece o fel, vomitarei o álcool injetado em minha veia;
largaria a tundra... e a caverna que ofusca a verdade.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Cansei!Cansei do frio e das cobertas felpudas, das meias furadas e do abafado de meu cemitério.
Cansei de mim e de minhas mortíferas línguas.
Cansei da valsa das borboletas, todas coreografadas, todas copiadas.
Sem brilho, sem cor, sem perfume.
Admito, como iria imaginar que em um jardim de beleza monótona te encontraria?
A única que escorregava dentre o vento, dentre a bruma ofuscante.Tinha brilho e exalava jasmim.
Apreciava sua liberdade de perto, contagiando-me com sua flexibilidade em desdenhar a própria vida.
Porque não desenha em meu corpo seu sorriso?Porque não me contagia com seu gingado enlouquecedor?
Brota-te em mim, faz fulgurar em meu coração todos os lapsos belos de existir.
Trás, intrísseca a ti, a minha felicidade, pois quero deixar a exaustão de minhas ilusões descansarem no sótão da descrença.
Vem, vem fazer vida onde o seco toma conta, vem hidratar esta boca que, a ti, queres pertencer.
Trás agasalho ao meu corpo, mrmúrios aos meus ouvidos.
Trás você a mim.
Vamos festejar...
E te prometo, não haverá nada mais belo que duas borboletas brincando sozinhas no jardim de iguarias mesquinhas.
Únicos e sós, eu e você.
R.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Queria eu, um mísero sonhador e desocupado do mundo, ser o detentor do poder de prolongar a vida.
Queria eu, caminhar com meu velho, abraçar minha velha, por toda a circunstância de vida e por todo o carinho que permeia entre os abraços.
Queria eu, ser prodígio e orgulho, sábio calado ou fazendo barulho, trazendo palpitações aos corações de quem sempre me ampara.
Meus velhos, embora meu corpo rejeite a coragem e se amargure na penumbra da desistência, é de meu calor e fulguroso amor que trago esses versos, embora espontâneo, que tento explicar:

Eu, miserável e sonhador, sou tudo o que sou e almejando desejos mais, um profundo apaixonado por vocês... meus pais.

Amo-vos!

 para meus pais

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Deveras ser a probabilidade, a tendência.
Ah vida, de inefável lágrima nascente, gozando dos labios, entrincheirando os abraços.
Se o que cabe a mim não lhe convém então faz-me eu onde caiba o que deve convir.
Essa bússola pragmática de transtornos incessantes anseia meu corpo febril.
Me deixa, por favor, me deixa...


R.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

É que, as pessoas de ideologias solitárias tendem também a ser solitárias.Sozinhas no próprio mundo, perambulando por estradas gastas e monótonas.As mesmas pegadas, o mesmo sopro de vento.
Nínguem me acompanha, não há nínguem capaz do mesmo; assim torno-me o único detentor da razão de meu viver.
A minha verdade, o meu mundo, tudo esvai ao real, mesmo rejeitado, consigo a ilusão da adequação.
Entrelaço meus sonhos à cama, o meu olhar à lua, o meu sorriso à garota mais bonita que passa.
Essas tentativas, embora esquizofrênica, é o refúgio do eu-só.Meu ser querendo ser plural, rolar pelo abismo, voar, salivar pelo sorvete, ascender como vapor.
E meu só, em multidão, cala-se, encontrando a maestria da liberdade.
O desejo que reluta pela glória da felicidade.O "sou".

R.

domingo, 30 de dezembro de 2012

De meus desejos à valsa.
Meu cântico à tuas queixas,
meu mórbido às suas deixas
De contingentes à sua ala.

Pernoite vasoso, escapolindo às auroras
Que, outrora, fulgurosas
Tornou-se cônscia e foragida
de mim e de ti, maldita!

Ah, inda que , do lúgubre pesar
Deus queira, da cova, difamar
Inda que , da tumba abite
Cardíaco a ti, que palpite!

Calo-me, assim serás
Simplificado no ópio mortífero
Exalrido no poço ibero
Suplicando minha vida à Barrabaz




Oh god, kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

domingo, 23 de dezembro de 2012

Proclamado às injúrias a clave solitária da noite, no sereno, no frio e abraçando a penumbra.
Clara chama, ardente, transfunde às veias tu aurora, teu único estado, tua expressão cósmica.
Meu silêncio não dorme, apenas contorce na calada do escuro.

Vim ver a lua.




R.
Fez-se chaga do passado, retrato do presente, tende a será...
amenhecido, em bruma, constipado nos lençois, nas frestas e no suor entupido de prazer.
Fulgidos lapsos de utopia, caido na introspecção de ser fim.
Moras em mim, não ti, não eu, mas sim só, somente:

as ruelas do ébrio a vir.





R.
Sou toda gota de sede que escorre de teus lábios macios.Sou todo sopro que empurra suas madeixas coradas do sol.
Sou todo o desejo que sacia teu corpo.
Sou todo teu, findado no ser, na carne e em tudo o mais.
Simples e resumidamente...teu!

R.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Sopro do Leste, o que o traz ao ínfimo cemitério meu?
Aviso-te, inda que, de efêmero riso, ei de ser feliz pelo curto período, tranpondo o fluido que escorre de meus olhos.
Sou todo um pecado, uma decepção, estagnado na sublime culpa de vir a ser sempre o mal.
Eu sou mal que invade meu corpo, eu sou mal que exacerba feitios de uma psicose louca e viciada.
Eu sou toda a culpa que transborda em Adão e a maçã.
Eu sou todo só, caminhando na escada retrógrada da solidão.
Ígnea depressão, louvo-te!
És o meu fim.
Adeus!





R.

(O diário de um poeta vencido.)