segunda-feira, 23 de abril de 2012

Parecia até o meu primeiro encontro, escolhendo minunciosamente as falas e os gestos.As vezes não acreditava que iria passar algumas horas ao teu lado, te fazendo um carinho, contando vantagens ou pagando um suco de laranja.Era único saber que ficarias comigo por algum tempo, tempo divinamente valorizado.Eu sabia que minha boca iria tremer, meus pés bambear, suar bicas e ficar enlouquecido com uma repentina gagueira.Iria ficar desengonçado com minha pose deselegante, embora achasse aquilo o máximo; controlaria ao máximo a mania de coçar a coxa quando fico nervoso.Era um teste psicológico, um atentado à minha vergonha, mas eu queria estar ali contigo.Faria de tudo pra aprensentá-la um homem ao seu futuro.A única coisa que não sabia era que aquele encontro... não, te conto uma outra hora.É até chato para mim, entende?





Diário de um poeta vencido - R.
Não cabe mais em mim esse verso blasfemo
Quando, de sua boca fez-se o fétido
Já não acreditava nesse sentimento polêmico
Dou, agora, à razão, todo o mérito.
A vida, agora, vincula minha alegria a dor
Porque flores e pássaros
Oceanos, cais e bálsamos
Só me fazem odiar mais o amor

 Diário de um poeta vencido - R.
E quando, do alto, te vi estrela, pus-me ajoelhado a contemplar-te
Deu-me uma vontade imensa de pegar um foquete e visitar-te
Mas, com todo esforço de encontrar-te, apenas consegui chegar a Marte
É, adiciono mais um fracasso ao meu diário, eu acho que faz parte.


Diário de um poeta vencido -  R.