sexta-feira, 1 de junho de 2012

E, desde o princípio, fui obrigado a seguir um padrão imposto por algozes da alma.
Meus dentes são imperfeitos tal como meu cabelo e meus jeans rasgados e sujos.Minha conduta é ultrapassada e toda e qualquer atitude de respeito para com o outro é, supostamente, adotada como maquiavélica e anárquica, mas nunca altruísta.Meu sonhos são irrelevantes e impossíveis, minha boca sempre pronunciará conceitos fajutos subalternos.
Mas eles, eles vão sempre estar acima, com seus ternos polidos de "Benjamin Franklins"'.Com seus conceitos épicos de moda, filosofias regradas de como ter uma vida perfeita e um fundo monetário entupido de falsas alegrias.Tudo deles são realmente dignos de exalar uma vitória cancerosa.Públicos de uma utopia que calha num fracasso psicológico.Um fita repetitiva: faça o que tem que ser feito, de acordo com a sociedade.
Eles criaram um tempo onde carros cromados com lágrimas são mais dignos de posse do que um livro à mão, escrito: desobediência civil.
A burrice é comercializada e a misantropia é um estilo de vida.
Tudo isso fede e mesmo que tenha algum anarquista no topo, o mesmo só servirá de arauto do fracasso.
Quem dera eu viver num mundo onde amor se prega em estádios; as pessoas discutem sobre odor de pum e a televisão um símbolo de como não evoluir.
É, uma coisa eles têm razão, meu sonho é impossível.


R.
É interessante quando ensina-me seu esporte da moda.Tento, feito bobo, ser o melhor aprendiz.Riria envergonhadamente dos meus tombos enquanto tu dirias carinhosamente: " é assim, no início, não se preocupa."
E mal sabe como isso me conforta.
Por me ensinar, eu gostaria de lhe ensinar algo em troca.Não sou muito bom no futebol ou com algum instrumento.Lhe ensinaria a estalar colunas; é algo bem inútil mas divertido, para mim.
Na verdade, eu lhe ensinaria não para que soubesse estalar mas para que risse de mim por esse talento inútil.É, eu queria ver seu sorriso.E consegui.
E quando tu hidrata os lábios e ejeta teu sorriso... Ah!Que sensação boa.
Envergonhadamente dou-te um abraço, um pouco apertado, no intuito que não saísse dali jamais.Enquanto você, por reação, completa-me com teus braços à minha volta.
Eu sorrio sem graça e bambeio a perna, enquanto você é acolhida imensamente por meu corpo.
Sabe, meus olhos viram a mulher mais linda da noite, mas saibas que, em meu coração -independente da noite e de outras que outrora apreciei-, torna-te eternamente linda, tão somente a mim.


R.
Entristece-me pensar que deixou-me ir, assim, ao leu, feito desprezo, poeira...
Ainda, meio torto, recordo das minuncias que apartaram nossos corações, nossos caminhos.
Os trajetos não mais compartilhados, os sorrisos não mais feitos de alegria espontânea.
Nada mais brota no campo imaculado.Sobra-me sobras inúteis, partículas que tendem a ser e não é.
Atualmente, cada passo que dou, emerge dele flores majestosas, mas tudo é uma camuflagem...essas flores são tristes, choram e calam ao ver-te seguindo brilhantosamente outro caminho.
Seria tudo tão duradouro e feliz que pairou em meus desejos.Será que tudo não passou apenas de uma fantasia notoriamente falha?
As madrugadas não serão as mesmas quando eram compartilhadas contigo.
Lembra das estrelas em forma de carinho?Hoje elas transformaram-se n'algo desfigurado, sem sentido.
Talvez porque, todo o sentido que pude achar pra felicidade eu estipulei-a em ti.
Você era minha felicidade...
E hoje, o que sobra, é somente um abismo de murmúrios, baixos e insignificantes... o que sobra é apenas um vazio esmagador, desconfortante, estonteante.
Eu preciso porque preciso, pois, senão, nada em que outrora construído e labutado perderá o sentido de existência do mesmo.
Eu preciso porque preciso, conciso e bruto, nada a menos, tudo às bordas, que sobre, mas que sobre sussurrros bons, cafunés, abraços, você...
Eu preciso porque preciso de nós dois até o fim, factuando, iminente e firme.
Eu preciso porque preciso...


Diário de um poeta vencido - R.
Sentados num punhado de grama em meio a areia, conversávamos sobre futuros promíscuos e atos falhos, soberba, vodka, calcinha comestível e borrões no céu.
Bebericávamos  chá gelado e nos contorcíamos sempre que nossa posição tornava-se desconfortável.
O céu, em uma metamorfose única, fez brotar uma lua, algumas nuvens sem nexo estrutural, estrelas vagabundas e solitárias, entre outros enfeites que só Deus explica.
Analisávamos cada ocorrência e ríamos, feito filósofos de meia idade.Apontávamos defeitos visuais em cada pessoa que passava perto da gente e fazíamos uma história para cada uma delas.
E por mais que parecesse monótono, ela mudaria só pelo fato de estar presente a mim.
Não importaria o lugar, a hora, a conversa, as pessoas à volta, portanto que ela estivesse ali, comigo, bebericando algo e conversando abobrinhas, me abraçando ou beijando, tornaria tudo perfeitamente completo.
Depois de amanhã iremos pedalar, desde já preparo minhas falas, meus trejeitos e meu coração, o resto, eu deixo por parte do destino.
É simplesmente mágico.


Diário de um poeta vencido - R.