terça-feira, 24 de abril de 2012

O vazio chora o paradoxo da vida
Imaginar que tal poder
Foi capaz de sentir e crer
Faz-me nausear à culpa ferida.

Ela anda aleatoriamente
perambula nas distrações
intimida os grandalhões
e cala o crente

Por onde passa o estrago emerge
Fruta podre ascende
O bom santo padece

A chaga do colarinho branco sorri contente
A puta agoniza o filho imaculado
Nessa vida, prefiro ser morto à acabado.


R.
Sei que posso parecer fraco afirmando que necessito do teu cheiro, da tua risada ou de sua ousadia perante a mim diariamente.Por mim, mais vale ser fraco que infeliz.Sabe, por mais que certas coisas não deveriam ser ditas para que não implicasse no "doar demais e receber de menos" eu necessito que saibas que sem você, o dia é comum.Não, não digo que sem ti eu não vivo, amores vão e vem, apenas mudamos os atores desse papel.Mas preciso de ti a cada instante se eu quiser tirar uma lasca de sorriso da boca.Deve ter sido erro meu estipular minha felicidade no papel que é alguém me completar.Eu deveria colocar a felicidade em tragos de cigarro, porres de whisky, gomas de mascar ou alguma outra coisa inutilmente corrosiva, só pra dar ânimo.
E ainda sim, suspirando possibilidades desagradáveis teimo em dizer o quanto és essencial, tão somente a mim.



Diário de um poeta vencido. - R.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Parecia até o meu primeiro encontro, escolhendo minunciosamente as falas e os gestos.As vezes não acreditava que iria passar algumas horas ao teu lado, te fazendo um carinho, contando vantagens ou pagando um suco de laranja.Era único saber que ficarias comigo por algum tempo, tempo divinamente valorizado.Eu sabia que minha boca iria tremer, meus pés bambear, suar bicas e ficar enlouquecido com uma repentina gagueira.Iria ficar desengonçado com minha pose deselegante, embora achasse aquilo o máximo; controlaria ao máximo a mania de coçar a coxa quando fico nervoso.Era um teste psicológico, um atentado à minha vergonha, mas eu queria estar ali contigo.Faria de tudo pra aprensentá-la um homem ao seu futuro.A única coisa que não sabia era que aquele encontro... não, te conto uma outra hora.É até chato para mim, entende?





Diário de um poeta vencido - R.
Não cabe mais em mim esse verso blasfemo
Quando, de sua boca fez-se o fétido
Já não acreditava nesse sentimento polêmico
Dou, agora, à razão, todo o mérito.
A vida, agora, vincula minha alegria a dor
Porque flores e pássaros
Oceanos, cais e bálsamos
Só me fazem odiar mais o amor

 Diário de um poeta vencido - R.
E quando, do alto, te vi estrela, pus-me ajoelhado a contemplar-te
Deu-me uma vontade imensa de pegar um foquete e visitar-te
Mas, com todo esforço de encontrar-te, apenas consegui chegar a Marte
É, adiciono mais um fracasso ao meu diário, eu acho que faz parte.


Diário de um poeta vencido -  R.

terça-feira, 17 de abril de 2012

E quando, de teu olhar fiz-me feliz, pairei no éter astral, vislumbrando como os cosmos estavam ao nosso favor.
O teu olhar... é um vício pra mim.
Estipulei minha felicidade naqueles olhos radiantes.Tão lindo quanto saturnos.
Embreaguei-me com a dança dos teus olhares inatentos.Quando os direcionará a mim?
É uma orgia de cores e expressões...Arh!Surrupiou-me a alma!
E quem quando ser como você, não haverá eu...
(...) será tarde demais!

R.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Naquele monte, onde titubeio pensamentos, encontrei a mim.
Sou uma mistura de duas vozes que disputam por supremacia mental.
São totalmente opostas e vinculá-las é quase impossível.
É interessante viver na dúvida de quem alimentar e sempre ópto por alimentar a parcela que os iguala.
Acabo sempre alimentado o ego... é errado.


R.
[podre]

No vácuo desta solidão
Onde vermes fazem morada
Não brota um só grão
Nem vestígios de caminhada

Tu passas longe de mim
Parece ter medo do real
Te peço: não sejas assim
Embarque nessa nau

D'onde o frio surge
Sei que calor ascenderá
Em que sensibilidade nos une
Não só isso nos unirá

Joga-te em meus braços
Sem medo de cair
Pois vou fazer de teus traços
Motivos para sorrir.

R.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Em tal carne esplendorosa
cores fulgidas e engenharia formosa
Impecavelmente se mostra singela
lábios, traços, voz bela...

Conjuntamente com teu abraço
átrio espaçoso, firme me faço
Onde zelo e carinho se encontra
Ohh, vida!Lá não há afronta!

N'outro tempo irei retribuir
Cada mão que me resgatou ao cair
E em cada cova que meu corpo irá sucumbir.

A ti, te devo o mundo
De paisagens, pássaros, tudo junto
Só pra me iludir que assim
devendo sorriso, afeto e afim
Te verei feliz...

R.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

De esplendor macio e astral
De brisa leve e sons de cardeal
Faz-se tenra e delicada a cada gesto
Vislumbro tal beleza ao qual me infesto

Parece bobo cada rima especulada
Em cada verso, palavra despaltada
Mesmo que não se faça sentido
Por ti, faço aqui, agora e contigo

Faço soneto, poema, algo que agrade
E por favor, que nenhum lapso tarde
Pra ver sorriso límpido e amoroso
Contigo criei um laço vistoso

N'outrora os versos que se acabem
Mas agora todos eles se partem
Para um lugar onde tudo terei dito
Será em teus braços, que em mim, se fazem o infinito


R.