terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Senão eu, quem irá crer naqueles a quem recebe o olhar desviado?
Um dia anterior senti a necessidade de partilhar meu sorvete com um mendigo que, com o calor e a labuta diária, clamava por algo que lubrificasse não sua garganta, mas suas córneas gastas de tantas mãos que negaram ajuda.Ele precisava que alguém partilhasse algo com o mesmo.Precisava de um gesto.
Precisamos renunciar, muitas das vezes de nossos desejos, de nossas satisfações para proporcionar ao outro a oportunidade de saciar, ao menos uma vez, o desejo de tomar um sorvete gelado em meio ao sofrimento do cotidiano.

Tornei-me feliz em ceder meu doce ao garoto que sorria, se lambuzando e agradecendo pela satisfação momentânea de suas papilas, de sua pele arrepiada e de sua tão prazeirosa luta...
pelo dia agônico que virá.

Quem derá eu pudesse distribuir alegrias duradouras para aqueles que necessitam, ao menos uma vez, de uma dose de alegria.
Amanhã irei passar por outra rua, com vários picolés nas mãos e sorrindo abestadamente para aquels a quem você renegou no semáforo.

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