terça-feira, 20 de março de 2012

Olho o relógio, bate 21:47 e ainda estou ao lado do meu melhor livro e do meu melhor whisky, do meu sofá de estofado italiano e da minha vitrola passada de época.Prefiro passar meu tempo longe de coisas fúteis, passageiras.Me contorço no sofá e folheio o livro, as palavras ecoam em minha mente.Sinto uma cãibra na perna esquerda e então mudo de posição.Sinto que falta algo, acho que o porre ainda não bateu, maldito whisky vagabundo.Tomei 3 doses de vez, me senti um pouco tonto mas nada fora do comum.A merda estava começando a funcionar.As letras já começaram a ficar turvas, a luz parecia piscar em tons de verde, vermelho e amarelo.Saltei do sofá, fui até a cozinha e abri a geladeira, pensei em algumas mulheres, nas suas bundas e decotes; pensei no Cristo redentor e como foi que fizeram pra construí-lo; tentei lembrar da cor da minha cueca, mas não obtive sucesso; avistei o resto do almoço e o peguei.Essa geladeira me fascina, sempre me faz lembrar e pensar em coisas absurdas.Cheirei o almoço pra ver se estava tudo em ordem, tenho essa mania de cheirar as coisas, n'outro dia me peguei cheirando a sujeirinha do umbigo, o cheiro lembrava mofo.Fui garfeando o resto do almoço.Acho que é automático do meu corpo comer algo quando começo a entrar num porre.Joguei a metade da comida, prefiri o porre à sanidade.Tomei mais algumas doses e me deitei no sofá.A vitrola tocava um blues surrado mas dava pra levar.Logo ia pegar no sono, o álcool tinha efeitos aleatórios em meu organismo e hoje estava me matando de sono.Antes de adormecer, pensei: notoriamente sou um bicho incomum, mas prefiro minha noite assim, acompanhado apenas de coisas que não vão me deixar.
E assim adormeço.


R.

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